Crítica: Poder Sem Limites (Chronicle, 2012)

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A história dos super-heróis parece vir sempre acompanhada de grandes eventos, traumas, experiências ou origens fantásticas. Quando se analisa a formação de personagens clássicos do gênero, sente-se que se trata muito de uma questão de destino e vocação, com aqueles indivíduos tendo ou procurando motivos para receber a "dádiva" dos super poderes, da luta contra os criminosos ou de proteção de uma raça. Na literatura, o herói será sempre um mito. Mas e se uma pessoal normal, por uma razão qualquer, ganhasse super poderes? 

"Poder Sem Limites" não trata das grandes responsabilidades do Espetacular Homem Aranha. Não procura transformar ninguém em uma lenda, Sr. Wayne. Não dá a menor atenção a causas alienígenas para fazer Vingadores da Terra. Não tenta mostrar deuses da Água, do Fogo ou do Trovão. É muito mais intimista, numa questão de tentar focar no comportamento humano, no sentido mais falho e menos lustrado da palavra. É como filmar uma criança tentando matar uma formiga com uma lupa no sol, mostrando o que é capaz de fazer com a sua ingênua superioridade.

A trama mostra o que acontece quando três adolescentes adquirem super poderes, depois de caírem em um buraco e se banharem em um líquido misterioso. Como dito no início, todos os porquês de serem eles os "escolhidos" ou do que é a substância misteriosa não farão a menor diferença para a história. Mas a produção ainda assim estereotipa os garotos em: o nerd Andrew (Dane DeHaam), o atleta Steve (Michael B. Jordan) e o inteligente Matt (Alex Russel). Embora o roteiro não foque na relação dos rótulos, mas no sentimento muitas vezes inconsequente de garotos comuns descobrindo habilidades interessantes para a idade.


Assim, surgem situações possivelmente tentadoras a qualquer jovem, como brincadeiras de mover de lugar um carro no estacionamento para pregar uma peça na pessoa, trazer a batata voando do pacote até a boca e levantar a saia de uma menina. Mas logo o lado "moleque" passa a dar lugar a perguntas profundas, como qual espécie deve se impor no mundo ou se uma raça "mais forte" deve mandar sobre a outra. São analogias à natureza, aos regimes políticos e, em especial, à vida de Andrew, carregada de problemas familiares, violência física e psicológica. E ao enxergar de maneira subjetiva os valores e se ver como um elemento superior no mundo, é que Andrew começa a perder o controle e exteriorizar seus conflitos de maneira irracional.

Nesse ponto, o filme traz abordagens diferentes ao gênero de super-heróis. E ao aproximá-lo do indivíduo, procura ainda justificar, mesmo que sem muita força, a estética do falso documentário, já que Andrew está sempre com uma câmera ao longo da história, funcionando como seu escudo de proteção da sociedade e microscópio para observar sua própria revolução dos bichos. O grande pecado de "Poder Sem Limites", no entanto, são as escolhas finais da narrativa, que não hesitam em encher de ação, carros voando e prédios quebrando, como se os X-Men estivessem ali e que muda completamento o tom do longa, evidenciando mais a questão teatral desse poder do que a eclosão do estrondoso caos interno de Andrew.


★★★ 
Poder Sem Limites
(Chronicle, de Josh Trank, EUA, 2012)
Com: Dane DeHaan, Alex Russell, Michael B. Jordan, Michael Kelly, Ashley Hinshaw, Bo Petersen, Anna Wood

2 comentários:

  1. curti muito o filme ,por que trata de uma coisa simples e que todos que se sentem injustiçados pensam,e se eu tive-se superpoderes! todos me respeitariam e eu poderia fazer do mundo um lugar melhor, nem que pra isso eu tenha que me tornar o mau necessário, o filme é dez poder sem limites retrata bem o cotidiano e como abusca por poder pelos que se sente inferiorizados é grande.

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  2. Não esperava muito desse filme e até que me surpreendi. É uma aventura diferente, com bons efeitos e que desenvolve bem o tema "grandes poderes sem grandes responsabilidades". Num ano tão fraco, consegue se destacar!

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